terça-feira, 26 de outubro de 2010



Poema pra quando der vontade

Quando quiseres
Volte a nós
Ainda estou no mesmo lugar
Se necessário feche os olhos
E me veja sentado em teu sofá
Te retendo em meus olhos
Tecendo mais um soneto
Estampado com tuas cores
Quando quiseres
Volte a nós
Não te prive de me ligar no meio da tarde
Pra falar da saudade que tomou tuas horas
Da vontade que deu de ganhar um colo
E reclamar que o tempo parece se arrastar
Que a vida nem se da conta de que o melhor do dia
Só acontece quando as luzes do quarto se apagam
Quando quiseres
Volte a nós
Me espere no portão pro café no fim do dia
Pro abraço urgente e café fumegando sobre a mesa
Bem sabes que vou te reter em meus braços
Que vou te saciar das nossas saudades
Te provar, te absorver, te invadir
Te sorver, me perder e me encontrar
Na pele branca contrastando os lençóis que nos envolvem
Depois em ti vou me aninhar
E assim nos abandonaremos em tua alcova
Pra ver mais um dia nascer lá fora
Aqui nada mudou
Quando quiseres é só fechar os olhos
E voltar a nós.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


Foi assim
Meio sem querer
Foi te ouvir chamando
Logo a pele reclamou tua falta
Foi assim
Meio sem intenção
Que voltei a te precisar
Foi relendo os livros do passado
Nos sonetos, nos poemas, nos instantes
Foi na ausência da tua presença
No gosto do desgosto de ter te perdido
Foi assim
Meio sem querer
Que descobri o paradoxo que me és em mim
Já que mesmo não estando em ti
Confesso que daqui nunca saísses
No meu corpo, nunca deixasses de ser
Em mim, ainda agora, apenas és...



Nós dois

Tu bem sabes das coisas
Que eu tanto quero te dizer
Bem sabes das horas que não existo
Sigo apenas nos lembrando
Nos provando na existência
Sigo me perfazendo no indizível
Das palavras silenciadas pela distância
Mas tudo bem, dessas coisas sabes bem
Sabes como sou, como sinto, como ainda espero
No destempero do tempo que de quando em vez
Me faz tornar à boca a lembrança da tua boca
Tu bem sabes das coisas
Que eu queria ser em teu dia
Quando o sol surgisse por entre as cortinas do quarto
Bem sabes dessas coisas que um dia já fomos
Indiferente a isso
Nada te peço, nem te imploro
Apenas existes pra meu encanto
És farol pra onde olho sempre que a noite
Que nunca termina me chega
Mas isso, nós bem sabemos dessas coisas...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quem

Quem é?
Quem é que eu tanto quero aqui
Quem é que chamo em silêncio
Quando as luzes do dia se vão
Quando o silêncio vem me possuir
De quem é a imagem que quero ver surgir
Rompendo a penumbra do quarto frio
Quem é?
Quem é que preciso
Quando a solidão pesa sobre meu corpo
Quem é que eu quero segurando em minhas mãos
Quem é que eu quero me fazendo rir e emocionar
Quando a madrugada chegar
Quem é que vou querer pertinho
Amanhecendo em minha pele
Se embrutecendo em meus cabelos
Mordiscando minha carne
Me retendo, me absorvendo
Me colorindo
Me recompondo
Escrevendo em meus lençóis mais um poema
Pra eu ler quando a saudade chegar...
Quem é...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010



Poema de necessidade

Ontem revi teus olhos
Eu me escondia de vergonha
Vez por outra segui teus olhos
Mas eu bem sabia que não me fazia digno deles
Porém agora confesso que os precisei
Os quis, quase os chamei pra me cuidar
Ainda te guardo num canto festivo dos meus olhos
Conforme prometi a tantas luas atrás
Ainda estás aqui
Acontecendo como se ainda fosses
Ainda permaneces aqui
Amanhecendo e anoitecendo
Me despertando, me acendendo
Me calando de súbito
Tenho de confessar
Amei teus cabelos
As novas cores, novo corte
Novos ares...
Mas ontem
Ontem revi teus olhos
Me escondi em ti
Te chamei em mim
Me ocultei em nós

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Poema de amanhecer

Enquanto eu falava dos meus medos
Lá fora a madrugada se estendia rua a fora
Guiada pelo vento frio que batia em tua janela
Mas no escuro do quarto eu bem percebi
Teus olhos rendidos em emoção
Enquanto eu me colocava em desconstrução, me mostrando
Me rendendo, me despindo, me expondo
Te fazendo conhecer o inexplicável
Depois, tu me abraçou, me cuidou, me guardou
Nos braços tão cheios de ternura
Outras palavras nos chegaram
Me convidas para ser feliz
Pelos dias que virão
Sem tempo pra ser, nem hora de acontecer
Somos o agora surgindo como o dia que nasce ali fora
Me pedes que te beije
Teu corpo responde ao beijo
Logo me beijas com teu corpo
Me sentes com tua alma
Te acordo, te acendo, te molho as vontades
Te prendo, te mordo e te moldo com as mãos
O dia nasce, fazes meu peito de cama
O silêncio nos toma
Somos possuídos pela profunda vontade de adormecer
É bom dormir perdido em teus lençóis
Guardado por tuas pernas
Aquecido em teus braços
Guarnecido pelo simples querer de estar em ti.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Poema de gostar

Eu te gosto
E te leio nas horas sem tempo
Em que a distância se transforma em silêncio
Eu te gosto
Pelos pensamentos soltos
Pelo instante que chegou e nos mostrou
O soar da última canção
Do nosso dançar no pequeno espaço da noite que se foi
E trouxe o que hoje há
E hoje, o que há, se não os teus olhos tristes
A conversa monossilábica
Mas a mim, eu confesso
Sigo com o calor do último momento
E a saudade do que és pra mim, do que és em mim...
Eu te gosto, num tempo sem tempo de acontecer
Na noite que foi...
Na saudade que há...
Poema da teimosia

É pra queimar a pele
Pra ferver as vontades
Pra tecer teus lençóis
Pra me prender em ti
Pra isso serve esse beijo

É pra encaixar no abraço
Pra te fazer arrepiar
Pra fechar os olhos, se entregar
Pra lembrar quando a distância chegar
Pra isso serve nosso cheiro

É pra sentir o gosto
Pra levar nos lábios
Pra marcar na alma
Pra ser teu avesso
Pra ser meu encaixe
Pra isso que servem os contornos

É pra te rever num poema
Pra relembrar nosso instante
Pra te ter novamente lançada sobre mim
Pra te sentir acontecendo em meu corpo
Pra sermos mais uma vez nós dois
Pra isso me serve a teimosia em te lembrar
Sempre que a saudade chegar...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Poema de estar só

As horas se estendem pela noite
E eu sigo na ausência de abraços e palavras
Na tv alguém fala de alguma nova moda
Que talvez amanhã eu mesmo venha provar
Mas agora, esse vazio do meu quarto
Parece invadir meus pensamentos
Além de me lembrar que hoje ainda é quarta-feira
Realidades assim me levam pra longe dos sorrisos
Pra longe dos abraços que eu tanto espero chegar
As palavras até chegaram, mas, que importa...
As horas ainda seguem pela noite
Alguém está cantando na tv
São duas vozes que se fundem e me confundem
Numa letra quase que autobiográfica
Me puxando novamente pra minha realidade
Nem percebi, madrugada chegou
Mas sem abraços, sem palavras, sem você...
Poema de estar longe

Que saudades de casa
Do abraço da chegada
Das vozes espalhadas
Dos risos no reencontro
Da conversa informal
Ao redor da mesa
Dos olhos de quem eu amo
Das vozes de quem me ama
Saudade do quarto
Dos livros, das músicas, dos poemas
Do cheiro da cama
Do escuro do quarto
Que saudade de vestir aquele sorriso
Sair pra jantar contigo
E voltar caminhando pela cidade
Nos deixando ser absorvidos
Pela escuridão da noite que caiu
Sobraram só nossos olhos
Que agora estão distantes
Bateu saudade de te conhecer
De saber de teus dias
Conhecer os velhos medos
E me alumbrar com novas palavras
Bateu saudade de casa
Em mais essa noite de silêncio
Que não estás aqui

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Poema de fim de noite


Não leve tão a sério
Essas coisas bobas que digo
Confie nos meus olhos
Mas considere meu sorriso
Ele agora é por tua presença
Me deixe te entregar
Minhas curiosidades e certezas
Minhas tramas e manhas
E quem sabe num fim de noite
Me abandonar em teu peito nu
Com tuas mãos acarinhando meus ondulados cabelos
Já minhas mãos estarão espalmadas a te prender
Para assim sentir o sono chegar e nos levar
Mas não leve tão a sério
Esse meu habito de ler sem livro
Mas não desconsidere essa saudade
Que chega sempre num fim de tarde
Essa vontade de ouvir tua voz me chamando
E quando ela me encontra
É como se o tempo fugisse de meus pés
Mas ai o tempo de nada me importa
Já que assim levo um bocado de ti
Ficas também com um pouco de tudo
O que quero que sejas em mim

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poema dessa manhã

Dia de sol
E é sempre assim
Me surges com hálito de menta
Pra dizer bom dia
E abraços tão cheios de coragem
Que depois de abraçado
Seria capaz de conquistar
Uma pequena nação
Porém me considero feliz
Pela honra de habitar em ti
Pelo corredor cheiro de café
Nas paredes poemas feitos
Com palavras talhadas em ti
Naquele instante que guardamos em nós
Dia de sol
É sempre assim
Tua voz me vem ao encontro
No meio da manhã
Pra dizer coisas simples
Confesso
Que uma breve saudade já me toma
Não vejo a hora de voltar
Pra meu canto preferido
De tornar pra teus braços e pernas
Pra teus olhos e boca
Pra pele branca, cabelos negros
Sigo assim em mais um dia de sol.
Poema de revelação

Tu
Meu centro
Meu canto
Meu ponto
Meu avesso
Meu verso
E anverso
Eu
Que ainda gosto
Do cheiro
Do gosto
Da voz
Da manha
E da súbita entrega
Que me faz urgente precisar
Do riso
Das mãos
Das broncas
Dos olhos marcados
Do corpo molhado
Encharcado
Desmanchado
Espalhado
Por sobre o meu corpo
Agora
És saudade
Ao amanhecer
És vontade
Ao anoitecer
És sol e lua
És calor e febre
És tarde de chuva
És o amor remoçado
Em mim...
Poema de descoberta

Na euforia do instante
Trançamos palavras impensadas
Livres, soltas, mas nossas
Tu me chegas com teus risos
Com teu cheiro e certezas
E nos olhos de amêndoa e mel
Me lanço em abandono
No tear das horas
Que permeiam a madrugada
Nos descobrimos acontecendo
Em sintonia de querer estar no mesmo lugar
Assim nos descobrimos como cidade
Eu que sou cidade pequena
Onde todos se abraçam pela estrada
Sou cidade bucólica, com casas coloridas
Com melissas nas janelas
Cidade com gosto de abraço apertado
Onde os dias são sempre ensolarados
As noites são de lua e céu rajado de estrelas
Tem fins de tardes de verão que chove
Então se senta na varanda
Pra comer manga gelada com as mãos
Eu sou cidade pequena
Com gosto de abraço e cheiro de saudade
Tu me chega como cidade grande
Que segue rápido em direção a vontade que chega
Eu paro diante de ti e me alumbro
A tua grandeza me arranca o fôlego
Com tuas luzes e histórias
Com teus sentidos e recomeços
Com teus apelos e duras verdades
Preciso descobrir as tuas ruas, os teus destinos
Esses teus medos, esses teus caminhos...
Tu que tens cheiro de surpresa boa
E gosto de querer sempre mais
Cidade pequena passeia na cidade grande
Cidade grande descansa na cidade pequena
Vem descansar em mim
Que eu sou abraço forte em noite fria
Deixa eu passear em ti
Que me és surpresa tão encharcada de vontades...

sábado, 2 de outubro de 2010

Um amor, nossa morada

Brilhe o sol aos teus pés
Que se faça saber dos encantos que guardas em ti
Para que todos os dias tudo se faça alegria
E que teus sonhos almejem te encontrar
Nada mais, pois importa se não um riso teu...
Dos vãos amores que nascem e morrem todos os dias
Não sabem eles que existe um coração
Em algum lugar que espera pelo momento
De ser amado, de ser cuidado, de ser vivido!
Os dias não sabem do querer de nossos olhos
Nem os que nos dizem bom dia
Ah se soubessem eles...
Faça-se o teu desejo o meu caminho
A minha força o teu destino
Um grande amor nossa morada
Soneto de carência


Que falta me faz os teus instantes
Nas horas que nos abandonamos
No breu do teu quarto
Para viver um pouco só pra nós

Que falta me faz os teus risos
Nos meus momentos em que paro
E fico a observar e a te absorver
Quando explodes num gracejo

Que falta me faz tua voz
Então me chama amada minha
Pra viver uma história contigo

Que falta me faz a tua imagem
Quando te vejo sei que finda a saudade
Quando te tenho sei que inicia minha vida
Soneto do Amor Declarado

Eu te amo... Como é bom te amar!
Essas palavras ainda ressoam em meus ouvidos
Tais sinais me chegaram no intervalo de um beijo
Daquele beijo desesperado que vez por outra nos acontece

Quando ficamos encharcados por aquelas palavras
Que são doces por si e fortes pelo ardor do momento
Somos tomados por assalto pela vontade de sermos um
Entre um toque e outro rompem as palavras ---- eu te amo

Já não falas, apenas balbucias
Sustento-te em meus braços no silêncio de tua alcova
É madrugada, teimamos em iniciar o dia enlaçados um no outro.

E eu derramado de torpor por sobre ti
Vou rompendo na aurora do que me dizes:
Eu te amo... Como é bom te amar!
eu te gosto
e te leio nas horas sem tempo
em que a distância se transforma em silêncio
eu te gosto
pelos pensamentos soltos
pelo instante que chegou e nos mostrou
o soar da última canção
do nosso dançar no pequeno espaço da noite que se foi
e trouxe o que hoje há
e hoje, o que há, se não os teus olhos tristes
a conversa monossilábica
mas a mim, eu confesso
sigo com o calor do último momento
e a saudade do que és pra mim, do que és em mim...
eu te gosto, no tempo sem tempo de acontecer
na noite que foi...
na saudade que há...