quinta-feira, 20 de janeiro de 2011




Metonímia

Entre meus lábios permanece teu sabor
Doce, quente e floral como um bom vinho do Porto
Teu cheiro ainda segue aqui
Perambulando sem destino em minha pele
Essa tua imagem que vive guardada em minhas retinas
Sou tomado por assalto pela saudade que vem
E transforma todas as flores do caminho em teu rosto
Vez por outra percebo teus olhos me esperando
Numa dessas esquinas qualquer quando o sinal fecha
Então tua voz sussurra meu nome, e te procuro, mas não te vejo
Absorto no silêncio sigo entre carros e avenidas guiado por vitrines iluminadas
Em direção ao distante instante de te reencontrar outra vez.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011




Tu

És feita dessas coisas boas de se lembrar
Tens mel nos olhos
E quando se abre o riso, ah
É como se a vida melhorasse
Tens sossego nos braços
Trazes paz no abraço
Tens cheiro de coisa dengosa
Pareces trazer a alma na pele
Vez em quando se esparrama pela cama
E se perde na preguiça das horas que se vão
Em tardes quentes de verão
Se mistura ao sol pelas praias da cidade
Em noites de fogo
Se derrama em lençóis de algodão
Noutro instante segue firme e impetuosa
Como se fosse uma posseira
Tu és assim, és feita dessas coisas tantas
Eu por vezes penso que não cabes em teu tempo
Tu não tens limites nem fronteiras
Tu não tens medidas
És feita de viço, vida e poesia...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011



Soneto de desconhecidos

Quem é a pessoa que eu amo?
Sua feição não me chega ao pensamento
Talvez pela distância que esses dias nos impõem 
E por hora nos carregue pra tão longe um do outro

Em algum lugar, sem saber, segue meu amor
Eu que ainda não sei de tua voz
Te espero no silêncio das horas que não chegas
E tramo instantes para o dia em que nos encontraremos

Qual teu cheiro, teus costumes, teu sabor?
Qual é teu nome, és dia, és noite, és flor?
Qual tua rua, qual tua sina, qual teu riso?

Em algum lugar uma mulher espera um homem
Em algum lugar um homem espera uma mulher
Existe um lugar guardado pelo tempo, só pra nós dois