quarta-feira, 29 de dezembro de 2010




Ontem enquanto o vento soprava forte lá fora
Eu da janela da minha vida via as copas das flores dançando
Chamei o vento pra mais perto pois tinha um pedido a fazer
Pedi pra que ele fosse onde minha voz não alcança
E deixasse na janela do meu amor um punhado de saudade
Mas não dessas saudades que doem,
Mas dessas que faz a pele ferver de vontade de se entregar...
E quem sabe matar essa vontade egoísta de sermos nós outra vez

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010



Nós

Vem comigo
O passado já vai longe
A acenar o pesar da distância
Que se formou depois da despedida
Me dá tua mão e me diga
Ainda me amas?
Teus olhos marejam
Os cabelos caem por sobre a pele branca
Apertas minhas mãos
Me puxas pra perto, e baixinho
Rompes num trêmulo sim
Explodes num sorriso
E uma avalanche de sim te toma
Sim, sim, sim!
Te amo, te amo como no instante do primeiro alumbramento!
Te desmanchas em confissões...
Eu te amo pelos dias que se vão
Te amo nas noites de dor
Te amo no riso saudoso
Te amo na vida que foge pra o infinito do sempre te amar
E eu me espanto com tuas palavras em sussurros
Naufragadas e abafadas no choro do reencontro
Então te proponho palavras guardadas
Vamos voltar pra nosso sobrado
Lá pro nosso canto
Esqueçamos o que deu errado
Vamos mudar de nome
Nomes pra que?
Me chames apenas de amor
Vou te chamar de amor também
Assim seremos sempre nós
Não mais eu, nem mais tu, apenas nós
Faremos em nossa sombra nossa íntima moradia
Seremos segredo revelado
Seremos noite seremos dia
Seremos certeza e teimosia
Seremos graça, beijo e fantasia
Teremos em nossa ausência nossa companhia
Não seremos mais beleza solitária
Nem tristeza transcorrida a se contar
Seremos o constante amanhecer a qualquer hora
Estaremos tão próximos
Nos levaremos na pele, na voz, no olhar
Por fim seremos festa, dança e cantoria
Então, vem comigo
Me dê tua mão
Vem ser nós outra vez

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010




Poema de procura

Onde estás?
Que te procuro
Pelas largas avenidas escuras da ansiedade
Pelas vitrines iluminadas de vontades
Como és?
Qual teu nome?
Qual teu cheiro, qual teu gosto?
Como dormes?
Lês Clarice Lispector?
Já te emocionasses ouvindo Bethânia?
Já te apaixonasses ouvindo Chico?
Já fechasses os olhos ouvindo Nana?
Já te vestisses de um verso de Vinícius pra sair?
Enxergas nas entrelinhas dos desejos
Aquelas coisas que a boca não diz?
Onde andas meu amor?!
Em que estação estás?
Em que tempo vives que não consigo te encontrar...


Relembrança

E eu que me encontrei te buscando por aqui
Talvez seja essa falta da tua falta
Não que não te ame mais
Apenas não estás mais doendo em mim
Mas sei que no silêncio dos pensamentos
Ainda somos nós acontecendo pelas horas vãs
Eu que bem sei como te prender
Também aprendi a te perder
Pelos vãos das mesmas mãos
Que um dia te arrancaram
O vestido, os sentidos e o pudor
Eu que tanto sei de te provar
E conheço os teus cantos e esquinas
Por onde me perdia nas madrugadas sem fim
Eu me peguei perguntando por ti ao espelho
Me veio um rosto marcado de saudade
De olhos castanhos e solitários
A dizer de teus dias
A cantar o teu nome
A falar da vontade que ainda tens de nós

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010



Soneto de convite

Vem andar comigo
Passear pelas ruas de mãos dadas
Rir pelas esquinas
Acontecer nas avenidas

Vem sentir comigo
A brisa no fim da tarde
O barulho das ondas a quebrar
E o calor de um abraço logo depois

Vem ver comigo
A noite chegar ali fora
E o querer remoçar aqui dentro

Vem ter a madrugada
A nascer em nossos corpos
A amanhecer no desejo de nós dois

terça-feira, 30 de novembro de 2010




O indizível

O que tem de melhor na tua falta?
Creio que seja a expectativa de te encontrar
O que tem de melhor em te ver
Ainda que de longe, ainda que não te ouça
Vale a graça de saber que ainda és tudo o que o coração sente
E nesses instantes palavras são inúteis
Porque sei bem que há muito mais coisas que a luz do teu riso
Acontecendo em ti, por tuas horas, em tua história
Ainda que nem me vejas, apenas vale o prazer de te ver passar
As vezes eu te percebo me olhando pelo canto dos olhos
E depois disfarçando baixando o rosto, se escondendo
Tímida, quase pudica
Me dizendo ainda que sem palavras
Tô com saudades, vem me buscar...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010







Sobre aqueles dias


Sorvete napolitado
Salgadinho de cebola
Andar de meia pela casa
Suco de laranja
Bolo de banana com creme
Pão de queijo
Piscina sábado à tarde
Presente sábado à tarde
Quarto escuro sábado à noite
Almoço em restaurante chinês
Festival de camarão
Chocolate
Beijo na boca
Mais chocolate
Carreteiro na casa dos pais
Flower by Kenzo
Beijo nas coxas
Passeio na praia
Convite pra ser pra sempre
Cheiro de terra molhada
Verdade é a melhor saída, sempre!
Quem menos fala, menos erra...
Peito pra dormir
Pernas pra enlaçar
Café no fim do dia
Crianças no Beto Carreiro
Crianças exaustas no fim do dia
Mais chocolate ao leite
Strogonoff de carne
Poemas pela parede
Sonetos pela tarde
Saudades pelo dia
Preguiça esparramada no sofá
Surpresas de aniversário
E uma vida inteira
Pra lembrar de nós dois


Soneto de bom dia

Lembra quando acordávamos
E descíamos pra tomar café
O sol já tinha inundado toda a cozinha
De luz, calor e perfume de vida

Lembra das xícaras fumegando sobre a mesa
Com café instantâneo, pães e geléia nos convidando
Os teus cabelos molhados e os corpos frescos de banho
E nossos passos apressados pela contramão do tempo

O crachá, as chaves, os óculos, um abraço apertado
Ainda havia tempo pra mais um beijo, e um retoque no batom
Eu abria o portão, fechava a porta, manobravas o carro, me esperavas

Umas últimas considerações, e me iluminavas com teu riso
Sentia mais uma vez teu cheiro, me puxavas, me beijavas
Dávamos um uníssono eu te amo e seguíamos pra mais um dia de nós dois

sexta-feira, 19 de novembro de 2010



Dia 19...

Dia desses eu vi um campo de flores
Tulipas pra ser mais exato
Todas eram vermelhas, mas não toda vermelha
Eram mescladas com champagne
Assim elas não se denunciavam tanto
O campo inebriava os olhos
Perdia-se a noção de grandeza
Tal era a beleza do imenso jardim
Inegavelmente me lembrei de teus olhos
Pois eles são assim, grandes, profundos
E trazem neles um mar de querer
Dia desses eu percebia que todos os cafés
Tinham pão com patê e granola de colher
Todos os fins de tarde se comia manga gelada
Que toda salada de fruta era acompanhada de leite condensado
Que todo macarrão tinha molho rosê com bananas
Que quase toda música era salsa (pra tu rir ao ver alguém dançar)
Nem todos os poemas seriam sonetos
Mas todo soneto seria um instante
Todas as tardes de domingo eram de praia
E se via os pés brincando na bruma das ondas
Toda noite fria tinha bolo de chocolate
Toda noite de lua tinha strogonoff com champignon
Todo sábado tinha presente
E todo suco era natural
Toda voz era mansa
Todo riso era teu
Toda vida era tua
Saudades...
Também tinha
Mas só do que se tornava eterno
Por ser bom demais pra se esquecer
E por aqui e por ali
Borboletas coloriam as janelas
Ali aprendi que a beleza sozinha é triste!
Mais uma vez me veio a tua imagem nas retinas, entendi...
Assim penso que toda mão bela precisa de outra mão
Toda voz precisa de um coração como recipiente
Todo cansaço precisa de outros braços pra descanso
Toda boca pede outra boca
Pois só assim a beleza vale à pena...
Indiferente da pena, que valha o instante
Pois isso pode ser toda a emoção que uma vida pode ter
Confesso que desejei que as borboletas, libélulas, beija flores
Te invadissem e colhessem em ti o pólem e o néctar de tua essência
E te espalhassem por onde fossem
Assim um tanto de ti nasceria aqui e ali...
E eu sentado à sombra de uma jabuticabeira
Petrificado a contemplar o campo de tulipas vermelhas rajadas de champagne
Fui tocado pela brisa de tua presença trazida no pólem e néctar
Logo eu era  melhor, era  mais feliz, pelo simples fato de ter um pouco mais de ti em mim
Aprendi por fim a viver sem ter que dormir pra sonhar...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010



Notícias

Ta tudo bem!
Me diz a voz de menina ao telefone
Mas sei que nada está tão bem
Eu que bem sei desvendar as intenções
De cada nuance desse teu jeito de falar
Tudo porque aprendi a te ler até nas entre linhas
Então falamos um pouco da vida
Das faltas e descobertas
E da paz que ainda trazemos nos olhos
Apesar desta paz estar reservada só a nós
Ta tudo bem? Me perguntas.
Dizes que o coração apertou novamente
Ta bom... Confesso...
To com medo.
To sem sono.
Sem chão, sem destino, sem sentido!
To sem dona...
Confesso que meu coração gritou alto
Foi por isso que o teu apertou
Por isso que o teu doeu
Sabe que quando a tua voz me invade
Meus pensamentos são tomados
Me sinto novamente em nosso tempo
Naqueles dias em que a saudade
Nos lançava nos braços um do outro
E sempre dizíamos que tudo ia ficar bem
Pois logo a tarde iria acabar
A noite chegaria, logo seríamos só nós outra vez
Meus braços te esconderiam em mim
E eu me perderia pelas esquinas de teu corpo
Volto a mim...
Volto a tua voz que me fala da nova casa
Falo dos poemas, dos sonetos e dos instantes
Tu ris das coisas que falo
Fazia muito tempo que não ríamos juntos
Percebemos que em algum lugar em nós amadurecemos
Falamos da saúde
A voz segue fraca, o coração segue doente
Mesmo fraca ainda te preciso aqui
E o coração ainda permanece doente de vontade de te ter
Dizes não querer tomar meu tempo
Estamos perto de transpor nossos limites
Pois sabes que meu tempo ainda é todo teu
Ainda que com pesar, me despeço de tua voz
Cerro os olhos o ouço mais uma vez teu amado apelo
Fica bem, ta bom...



Dia 18...

Hoje é dia de certa apreensão
É dia de se perceber
O quanto se é amada
A própria natureza expressa isso
Dia de sol e primavera
Dia que combina com teu riso 
Dia de relaxar em frente à tv
Dia de pensar nas possibilidades
De presentes
De jantas e telefonemas
De pessoas sumidas aparecerem
Só pra dizer: Oi, lembrei de ti!!!
Mas ainda é só apreensão
As coisas agora não passam
De incertas possibilidades
Que sempre acontecem em vésperas
Hoje é dia de pensar no que dizer
Talvez até criar palavras absurdas
Só pra te fazer dar aquele riso tão lindo
Hoje é mais um daqueles dias
Impossíveis de não lembrar de ti
Hoje é dia de quase teu aniversário...