segunda-feira, 28 de março de 2011





Esquinas

Nessas esquinas
Onde te encontro
Pela noite que não para
Pelo tempo que te leva
Nessas esquinas
Onde eu vejo
Teus olhos de estrela
Que me guiam pelas tuas coisas
E assim sem que saibas
Me apeteces o paladar
Com esse teu cheiro de fruta madura
Me instigas com teu silêncio
Como eu queria saber que palavras são essas
Que nunca me chegam aos ouvidos
Então, me da tua mão
Me da teu gosto
Faz de mim um tanto de tua história
Que eu quero ser teu riso e descanso
Venha e aconteça em meu peito
Se perca em meu leito
E se demore mais em mim
Não quero mais te perder
Pelas esquinas que me imputam
O silêncio imposto pela madrugada
Eu quero tudo e apenas
As esquinas de teu corpo
Pra seguir e me perder
Vida à dentro
Até que o céu amanheça
Um dia azul só pra nós dois

quinta-feira, 24 de março de 2011




De perto

Quem dera ainda fosse aquela noite
E o silêncio imposto pela madrugada
Não nos tivesse alcançado
Quem dera as ruas ainda estivessem vazias
Despida de passos e vestida de silêncio
Assim ainda seria aquela noite

Quem dera toda conversa pudesse
 Propositalmente ser encharcada de malbec    
A voz tornaria a ser calma e a conversa longa
Quiçá o tempo pudesse seguir em tua direção
E te sussurrasse as coisas que eu não mencionei

Quem dera  toda alegria tivesse a cor do teu riso
E se todo olhar tivesse o calor dos teus olhos
Se todo calar fosse apenas tua timidez
Então eu até diria sobre o bem que te quero
Sobre o tanto das coisas que eu mesmo calei
Só pra não te afastares daquele pudico instante
Só pra quem sabe, dia desses ter ver de perto
Mais uma vez...



A noite chegou
E te trouxe
Linda e alegre
Como uma última noite de verão
Descobri teu nome
Conheci teu riso
Percebi tua voz
E por vezes me perdi em teus olhos
Mas logo tornei a me encontrar em tuas mãos
Que flutuavam pelo ar
Desenhavam as palavras que saiam de ti
A música chegou
E tomou nossos corpos
Mesmo sem sabermos em que direção seguir!
Mas a música era mais forte
Eram quadris que serpenteavam
Braços que se moviam
Nos aproximamos mais
Senti teu cheiro
Que misturado ao da noite
Tornava tudo ainda mais único
Madrugada chegou
A noite acabou
Todos se foram
Músicas, risos, passos incertos em tua direção
Agora só o silêncio do céu
E por companhia a doce lembrança
Das coisas boas que deixasses em mim

domingo, 20 de fevereiro de 2011




Ainda tenho aqui comigo
Alguns rascunhos teus
Palavras não ditas nem mostradas
São pensamentos soltos sobre nós
Sobre esse tempo que aqui dentro
Nunca cessa, não descansa, nem acaba
De quando em vez eu até penso
Que aqueles dias ressurgirão porta à dentro
Que acordarei com o sol invadindo o quarto
Fazendo reluzir as cortinas que nos vigiam
E lançada sobre meu peito teu lindo rosto
Ainda tenho aqui um tanto de nós acontecendo
Um bocado de risos que não demos
E um outro tanto de vida só pra nós dois

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011




Metonímia

Entre meus lábios permanece teu sabor
Doce, quente e floral como um bom vinho do Porto
Teu cheiro ainda segue aqui
Perambulando sem destino em minha pele
Essa tua imagem que vive guardada em minhas retinas
Sou tomado por assalto pela saudade que vem
E transforma todas as flores do caminho em teu rosto
Vez por outra percebo teus olhos me esperando
Numa dessas esquinas qualquer quando o sinal fecha
Então tua voz sussurra meu nome, e te procuro, mas não te vejo
Absorto no silêncio sigo entre carros e avenidas guiado por vitrines iluminadas
Em direção ao distante instante de te reencontrar outra vez.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011




Tu

És feita dessas coisas boas de se lembrar
Tens mel nos olhos
E quando se abre o riso, ah
É como se a vida melhorasse
Tens sossego nos braços
Trazes paz no abraço
Tens cheiro de coisa dengosa
Pareces trazer a alma na pele
Vez em quando se esparrama pela cama
E se perde na preguiça das horas que se vão
Em tardes quentes de verão
Se mistura ao sol pelas praias da cidade
Em noites de fogo
Se derrama em lençóis de algodão
Noutro instante segue firme e impetuosa
Como se fosse uma posseira
Tu és assim, és feita dessas coisas tantas
Eu por vezes penso que não cabes em teu tempo
Tu não tens limites nem fronteiras
Tu não tens medidas
És feita de viço, vida e poesia...